Elas agora exibem materiais surpreendentes, como o fibrocimento.
Como um rosto, a face visível de toda casa reflete sua personalidade e guarda alguns segredos. Materiais de todos os tipos - da madeira ao aço - conferem individualidade a cada projeto e reforçam sua volumetria. As novas opções satisfazem não só a ânsia da arquitetura contemporânea por inovação e versatilidade - atendem também a demandas de ordem prática, como durabilidade, baixa manutenção e conforto térmico. "Hoje há uma maior disponibilidade de materiais, aliada à profissionalização e à especialização do canteiro de obras da arquitetura residencial", diagnostica o arquiteto mineiro Alexandre Brasil. "O custo, muito mais viável do que há alguns anos, é outro fator estimulante", acrescenta o arquiteto carioca Tiago Freire. Essa é a aposta de arquitetos do mundo todo, como mostram os exemplos desta reportagem.
Fixados em perfis metálicos, os painéis de fibrocimento (8 mm de espessura) que fecham este estúdio na Califórnia foram encomendados com perfurações feitas por meio de jato de água. Antes de optar pelo material, fornecido pela empresa suíça Swisspearl (que possui representante no Brasil), o arquiteto Austin Kelly, do escritório americano XTEN Architecture, testou chapas perfuradas de aço, alumínio e madeira. "Esse produto é mais fino, rígido, dá origem a placas maiores e apresenta bom acabamento nos cortes", diz. Além disso, harmoniza com o concreto do corpo principal da casa. Em tempo: a Swisspearl não utiliza o polêmico amianto no processo de fabricação.
Nesta casa em Nova Lima, MG, brises verticais fixos a cada 90 cm barram a insolação sem tapar a paisagem. Os anteparos distam 44 cm de painéis de vidro temperado (Continental Esquadrias), a pele da residência. A montagem das placas seguiu etapas: primeiro, soldaram-se quadros metálicos ocos nos pilares de aço corten. Eles foram fechados frente e verso com chapas de 2 mm de espessura e 1,20 x 3,60 ou 2,70 m (Masifer). "Forçamos a oxidação do aço com uma demão de solução de ácido para acelerar a criação da pátina, que o protege da corrosão. Então, aplicamos resina alquídica à base de óleo vegetal", conta o arquiteto Alexandre Brasil, sócio de Paula Zasnicoff no escritório Arquitetos Associados.
Para revestir esta fachada de alvenaria de 5 x 11 m, os arquitetos cariocas Tiago Freire e Marcelo Jardim, do escritório Oficina P:ar, precisavam de uma opção contemporânea, neutra e capaz de transmitir a sensação de movimento. Elegeram o painel ondulado miniwave (Hunter Douglas), composto de chapas de Aluzinc (aço revestido de alumínio-zinco) com 0,30 x 6 m x 11 mm. Feita sob encomenda, a paginação gerou poucas emendas. "O painel é preso com rebite ou parafuso na estrutura auxiliar de alumínio colocada a 20 mm da alvenaria. A junção se dá na parte lisa e fica escondida pelo encaixe macho e fêmea", detalha Tiago. Além de dispensar qualquer tipo de proteção, o material não esquenta nem oxida.
Como desejava uma fachada lisa, com bordas agudas, o arquiteto Bunzo Ogawa, do escritório Future Studio, usou folhas de aço galvanizado (JFE Steel Corporation) nesta casa em Hiroshima. A resistência também contou. "Recursos como a pintura não bastam para aguentar o clima japonês por muito tempo", diz ele, referindo-se às chuvas constantes, ao frio e ao calor intensos do país. Por trás do aço, placas de poliestireno de 50 mm, colocadas entre duas de compensado estrutural, garantem o conforto térmico e acústico nos ambientes internos. "Essas medidas são fundamentais para o bom desempenho do material", fala o arquiteto paulista Marcio Moraes, que ressalva: "O problema é que o aço ainda custa caro no Brasil".
A geometria deste sobrado geminado paulistano e sua localização em uma vila fechada determinaram a escolha de treliças de cumaru para esta fachada. "Esse recurso filtra a luz solar, favorece a ventilação natural, faz as vezes de grade e ainda resguarda a privacidade", sintetiza o arquiteto Fábio Mosaner, sócio de Cícero Ferraz Cruz no escritório Chão Arquitetos, de São Paulo. O grande trunfo do anteparo é sua mobilidade. Duas folhas duplas e independentes do tipo camarão, estruturadas com caixilhos de alumínio, permitem a abertura parcial ou total dos vãos de 3,45 x 2,60 m. "A distância de 80 cm entre a madeira e o painel de vidro atrás dela mantém o ambiente fresco", destaca Fábio. Recomenda-se aplicar seladora ou verniz naval na madeira a cada dois anos.
A exuberância dos azulejos esmaltados, aliada à praticidade (eles dispensam qualquer cuidado além de lavagens periódicas com água), seduziu a proprietária deste imóvel em São Paulo, que precisava reformular a fachada de 5 m². "Ela buscava um elemento geométrico, de cor vibrante, que apresentasse alta durabilidade, mesmo exposto às intempéries", conta a arquiteta paulista Flavia Albert, responsável pela reforma. Os azulejos (Pavão Revestimentos) medem 15,4 x 15,4 cm e vêm em kits fechados com 50 peças, montante que equivale a 1 m² aplicado (o assentamento empregou argamassa e rejunte preto). Do lado direito, a pedra miracema foi mantida. Valorizaramse, assim, o contraste de texturas e o jogo de cores.
Esta casa, feita pelo escritório Pasel.Künzel Architects na Holanda, exibe na fachada um material familiar aos brasileiros - afinal, quem nunca ouviu falar do barracão de zinco? "Trata-se de uma opção barata, mas precisa de cuidados porque esquenta muito e faz barulho", diz o arquiteto Marcio Moraes. No caso do projeto holandês, utilizou-se o zinco antracito pré-patinado como fechamento combinado com trechos de madeira. "Ele não necessita de acabamento, você tem o que vê", diz o arquiteto Ralf Pasel. A instalação é simples: os painéis, de até 2 m de altura, são parafusados numa estrutura metálica, o que deixa espaço para a circulação do ar e para a utilização de isolante térmico e acústico (como o EPS de alta densidade, recomendado pela empresa N.Didini, que fornece o Anthra-Zinc no Brasil).
A caixa rente a este prédio suíço abriga a escada - solução do escritório Dubail/Begert Architectes para abrir mais espaço para os apartamentos. "Presos em perfis metálicos, painéis de policarbonato de 4 cm de espessura formam um envelope simples, que protege da chuva, do vento e do frio", diz o arquiteto Sylvain Dubail. Além disso, o material (fornecido pela alemã Rodeca, representada no Brasil pela Polysolution) é leve, possui proteção UV e bom isolamento térmico. As empresas Day Brasil e Ekiplast também fabricam produtos similares em território nacional. "Essencial, a proteção UV encarece o policarbonato", lembra o arquiteto paulista Marcio Moraes. "E é fundamental ter mão de obra especializada na instalação para evitar entrada de água na estrutura dos painéis", afirma.
Agilidade, pouca sujeira e baixa produção de resíduos: esta foi uma obra seca, ou seja, só utilizou tijolos e cimento na fundação. E a fachada de 12 x 6,40 m, claro, segue a mesma diretriz. Réguas vinílicas (Madex) com 10 cm de largura, no estilo clapboard siding - muito utilizado nas construções norteamericanas - foram sobrepostas e fixadas com parafusos sobre uma estrutura de aço galvanizado, o steel frame. "O encaixe perfeito das peças garante vedação total", ressalta o arquiteto Fábio Leme, de São Paulo, autor do projeto, localizado num condomínio perto da capital paulista. No centro, o prisma apresenta uma face de vidro fumê com caixilhos de PVC fixos (1ª Linha) e outra coberta com placas de OSB (LP Brasil), compensado feito com restos de madeira, com 1,22 x 2,44 m. Elas foram revestidas de argamassa de cimento e areia e posteriormente pintadas com tinta acrílica, o que funciona como impermeabilizante. No topo, rufo feito com chapa galvanizada. A superfície deve ser limpa com lavadora de alta pressão.
Nesta casa, assinada pelo escritório japonês Suppose Design Office, a intenção era criar uma área aberta para o exterior e, ao mesmo tempo, privativa. Daí surgiu a ideia de uma tenda que cobrisse o jardim e servisse tanto de cerca quanto de cobertura. Ela emprega dois tipos de poliéster: a parte escura é um tecido recoberto de polímeros de fluorcarbono, enquanto o pedaço mais claro tem revestimento de resina de uretano. Fixado em perfis metálicos, o material aguenta até tufões e requer lavagem com máquina de água de alta pressão duas vezes por ano. Conhecido no Brasil como estrutura tênsil, esse recurso apresenta vantagens para o clima tropical. "Ele sombreia sem reter a iluminação e reflete o calor", fala Marcio Moraes. A Tensor e a Pelz fornecem o produto no Brasil.
( Esta é umas das que eu mais goistei)
Batizada de Cascade House (casa cascata), esta residência situada em Toronto, no Canadá, se vale da combinação de ardósia e vidro para bloquear a visão dos transeuntes, sem prejudicar a incidência da luz solar. No projeto assinado pelo escritório canadense Paul Raff Studio, destaca-se o painel translúcido com 3,96 m de altura que remete a uma queda d’água. Efeito alcançado por meio do emparelhamento de 475 filetes verticais de vidro estruturados num caixilho metálico. Além de maximizar a iluminação natural do living, sem desnudar totalmente o cômodo, o anteparo resguarda a área da piscina adjacente. Na parte mais alta do terreno, o volume revestido de pedra possui três nichos irregulares fechados com vidro, para liberar a passagem da luz. A superfície, onde se intercalam placas ásperas e polidas de diferentes tamanhos e tonalidades, tem função estética e térmica. No inverno, absorve a energia solar, mantendo a casa aquecida. No verão, o sombreamento e a ventilação natural se encarregam de refrescar os ambientes.
Assinado pelo escritório Judd Lysenko Marshall Architects, em Smokey Town, na Austrália, este proejto emprega o aço oxidado BHP Bluescope Steel HW350. "A estética do material faz a moderação entre a forma arquitetônica escultural da casa e a irregularidade do bosque", diz o arquiteto Jesse Judd. O aço oxidado (conhecido no Brasil como aço corten) foi fixado com parafusos não aparentes numa estrutura de madeira. Não é necessário nenhum tipo de manutenção, já que o processo de oxidação forma uma barreira que protege a fachada de outros desgastes. O isolamento térmico e acústico, feito com lã de vidro, fibra de vidro ou lã de rocha, fica dentro da estrutura das paredes.
(Olha uma outra fachada que eu gostei também.)
casa no litoral chileno parece revestida de pedra, mas sua fachada é de fibrocimento. "Escolhemos essa alternativa porque podíamos modular a largura das peças como queríamos. O material se ajustava perfeitamente aos requerimentos do desenho", explica Francisco Moure, da Moure Rivera Architectos. Além disso, era bastante adequado para resistir ao vento e à salinidade por conta da proximidade com o mar. O fibrocimento foi polêmico durante muito tempo porque utilizava amianto, considerado cancerígeno. Agora, não. Fornecido pela Tejas de Chena, ele parece madeira, vem pintado e, caso se queira, é possível dar acabamento na obra com verniz. As tábuas são parafusadas em MDF ou em perfis de madeira ou alumínio. Recomenda-se o uso de uma manta contra umidade. A manutenção da pintura deve acontecer a cada quatro anos. No Brasil, a Eternit fabrica um material similar, chamado Eterplac Wood, que pode ser montado em perfis de madeira ou aço galvanizado.
FONTE: Casa.com (editora Abril)
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